VIGILÂNCIA AMBIENTAL DE SARS-COV-2 EM MATRIZES AMBIENTAIS
NA REGIÃO DA GRANDE VITÓRIA – ES
Nome: GIZELY AZEVEDO COSTA
Data de publicação: 20/02/2025
Banca:
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Papel |
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DANIELE DAMASCENO SILVEIRA | Examinador Interno |
DIOGO COSTA BUARQUE | Examinador Interno |
MARIA INÊS ZANOLI SATO | Examinador Externo |
MARIA TEREZA PEPE RAZZOLINI | Examinador Externo |
REGINA DE PINHO KELLER | Presidente |
Páginas
Resumo: O ano de 2020 ficou marcado pela descoberta no novo coronavírus SARS-CoV-2,
agente etiológico da COVID-19. A rápida disseminação do vírus SARS-CoV-2 levou à
declaração pela Organização Mundial da Saúde (OMS), da Pandemia de COVID-19, em
11 de março de 2020. O mundo enfrentou um dos grandes desafios em saúde pública,
devido à alta taxa de transmissão do vírus SARS-CoV-2, e ao grande número de
indivíduos assintomáticos transmissores do vírus. Devido aos sintomas leves ou
inexistentes, muitos indivíduos assintomáticos não eram incluídos nos dados clínicos
tradicionais, o que levava à subnotificação de casos e dificultava a avaliação da
verdadeira disseminação da COVID-19. O SARS-CoV-2 foi identificado em matrizes
ambientais, incluindo o esgoto, o que permitiu a adoção de estratégias complementares
para o monitoramento da disseminação do SARS-CoV-2, tornando o uso de ferramentas
complementares como a epidemiologia baseada no esgoto (EBE), uma alternativa viável
capaz de prever surtos precoces e fornecer dados confiáveis. Este estudo, teve como
objetivo analisar a presença do RNA viral do SARS-CoV-2, em amostras ambientais de
esgoto bruto e lodo, correlacionando os dados de carga viral (CG/L), com casos
notificados de COVID-19 pela secretaria de saúde na região da Grande Vitória – ES,
Brasil. A metodologia do trabalho constituiu-se em coletas de amostras de esgoto e lodo
em diferentes locais: grupo (a) estações de tratamento de esgoto (ETES) e três canais
superficiais urbanos, entre janeiro de 2021 à fevereiro de 2022, e grupo (b) lodo
proveniente de reator anaeróbio de fluxo ascendente (UASB) na ETE Araçás, em Vila
Velha/ES, entre outubro de 2023 à agosto de 2024. Para detecção do RNA viral, foi
utilizado o método de concentração proposto por Katayama et al. (2002), seguido de
extração de RNA e RT-qPCR. Os resultados demonstraram alta positividade na
detecção do SARS-CoV-2 em todas as matrizes: 87,2% (75/86) nos canais urbanos,
85,3% (70/82) nas ETES e 80% nas amostras de lodo UASB. As concentrações de RNA
viral variaram de 1,59 x 10 a 2,56 x 10 GC/L nos canais urbanos e de 7,79 x 10³ a
1,26 x 10 GC/L nas ETES. Uma correlação moderada a forte foi identificada entre a
carga viral e os casos confirmados de COVID-19 pelas populações atendidas pela bacia
dos canais e ETES monitorados na grande Vitória/ES, sendo os valores mais elevados encontrados nos canais urbanos (Canal 1: r = 0,58; Canal 2: r = 0,78; Canal 3: r = 0,86).
Este estudo foi um dos pioneiros a estabelecer a presença do vírus SARS-CoV-2 em
diferentes matrizes, esgoto bruto e lodo, na região da Grande-Vitória/ES. Os canais
superficiais urbanos apresentaram maior concentração viral e melhor correlação com
dados epidemiológicos em comparação às ETES, destacando-se como pontos
alternativos e viáveis para o monitoramento do SARS-CoV-2, especialmente em regiões
de saneamento deficiente. Adicionalmente, a alta detecção do RNA viral no lodo
reafirma seu potencial como ferramenta complementar no rastreamento da disseminação
viral em ambientes de tratamento de águas residuais.