AVALIAÇÃO DAS METODOLOGIAS PARA
ESTIMATIVA DA EXPOSIÇÃO E DOSE INALADA
DE POLUENTES ATMOSFÉRICOS
Nome: JAQUELINE KNAAK
Data de publicação: 28/09/2023
Banca:
Nome | Papel |
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ELISA VALENTIM GOULART | Coorientador |
JANE MERI SANTOS | Examinador Interno |
LEONARDO HOINASKI | Examinador Externo |
NEYVAL COSTA REIS JUNIOR | Presidente |
Resumo: Nas pesquisas que buscam correlacionar a qualidade do ar com a saúde, é comum simplificar a
exposição pelas concentrações externas, devido à complexidade e aos recursos substanciais
demandados para determinar a exposição pessoal. Este estudo tem como objetivo avaliar
métodos de estimativa de exposição e dose inalada de PM10, PM2.5, SO2 e NO2 em crianças e
adolescentes de Vitória – ES. Foram exploradas quatro abordagens distintas, incluindo dados
medidos por estação fixa de monitoramento e estimativas do modelo CALPUFF, com e sem
consideração da razão indoor/outdoor (I/O) para incluir a influência dos ambientes fechados.
Os resultados foram comparados com medições diretas do monitor pessoal Ogawa, utilizado
diariamente por 15 dias consecutivos para monitorar o NO2. Além disso, foram avaliadas a dose
inalada e a influência de ambientes fechados frequentados pelas crianças e do trajeto entre os
ambientes internos e externos, bem como a variação da taxa de inalação nos cálculos. Os
resultados apontaram que a abordagem que utilizou os dados da estação com a razão I/O
apresentou melhor consistência com Ogawa. A diferença média de exposição diminuiu de 28%,
ao usar apenas os dados de concentração, para 6%, ao incluir a razão I/O. Os resultados
provenientes do modelo de dispersão, apresentou uma tendência de superestimar as exposições.
Ao incorporar a razão I/O, a discrepância aumentou de 64% para 116%. No entanto, ao analisar
a disparidade entre as exposições pessoais, observa-se que o modelo demonstra uma
consistência espacial equiparável àquela registrada pelo monitor pessoal. O desvio padrão do
monitor pessoal oscilou entre 2,5 e 6,3 durante as diferentes campanhas, enquanto o modelo
apresentou um desvio padrão variando de 1,6 a 5,9. Em contrapartida, a abordagem utilizando
a estação de monitoramento revelou um desvio padrão com menor variação entre as exposições,
situando-se na faixa de 0,2 a 2,4. A análise da dose inalada diária revelou que crianças e
adolescentes estão mais expostos ao material particulado (PM2.5 e PM10), seguido por NO2 e
SO2. Em média, as residências contribuíram com 82% da dose inalada diária, enquanto as
instituições educacionais responderam por 13%, considerando apenas um turno escolar. No
cenário de estudo em período integral, a contribuição média foi de 69% proveniente de
ambientes residenciais e 24% de ambientes escolares. A influência dos microambientes revelou
variações dependentes do poluente em consideração. A exposição ao material particulado teve
maior contribuição indoor, decorrente das concentrações mais elevadas e do tempo
considerável que crianças e adolescentes passam nesses locais. Em contraste, os trajetos e a
exposição ao ar livre exerceram uma influência mais substancial na dose de NO2. Este efeito
foi particularmente pronunciado em crianças do sexo masculino, com idade igual ou superior a
13 anos, que realizaram deslocamentos a pé por pelo menos 15 minutos, devido à taxa de
inalação mais elevada associada a esse perfil. Quanto ao SO2, a predominância na contribuição
provém da exposição ao ar livre, totalizando 52%, distinguindo-se de outros poluentes. Os
achados ressaltam a necessidade contínua de examinar metodologias alternativas na
determinação da exposição pessoal, incluindo a consideração da contribuição da exposição
indoor e a diversidade de ambientes frequentados pelos indivíduos. Além disso, é crucial levar
em conta as características fisiológicas individuais, uma vez que a taxa de inalação, essencial
para o cálculo da dose, tende a variar de acordo com tais características. Essa abordagem mais
abrangente é fundamental para uma avaliação precisa e personalizada dos impactos da
exposição aos poluentes atmosféricos na saúde respiratória.